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Textos

Que a mão do tempo e o halito dos homens
Murchem a flôr das illusões da vida,
Musa consoladora,
E no teu seio amigo e socegado
Que o poeta respira o suave somno.

Não ha, não ha comtigo.
Nem dor aguda, nem sombrios ermos;
Da tua voz os namorados cantos
Enchem, povoam tudo
De intima paz, de vida e de conforto.

Ante esta voz que as dores adormece,
E muda o agudo espinho em flôr cheirosa,
Que vales tu, desillusão dos homens?
Tu que pódes, ó tempo.
A alma triste do poeta sobrenada
Á enchente das angustias,
E, affrontando o rugido da tormenta,
Passa cantando, alcyone divina.

Musa consoladora,
Quando da minha fronte de mancebo
A ultima illusão cair, bem como
Folha amarella e secca
Que ao chão atira a viração do outono,
Ah! no teu seio amigo
Acolhe-me,—e haverá minha alma afflicta,
Em vez de algumas illusões que teve,
A paz, o ultimo bem, ultimo e puro!

Machado de Assis
Enviado por Mafra Editions em 10/03/2024
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